Namie Amuro Spice girl do Japão quer reinar no Ocidente Aos 23 anos, diva pop oriental prepara-se para lançar nos EUA seu novo CD, Break the Rules As fãs das Spice Girls podem não cpnhecer Namie Amuro, mas no Japão ela sempre foi maior que o grupo inglês, quase tão popular que pokémon.Teses foram escritas sobre seu impacto na juventude oriental. Afinaln não é todo dia que uma cantora de pelwe bronzeada inspira uma geração a romper com a palidez de seus ancestrais,originando a mania dos Ganguro (rostos escuros). Mas bronzeamento artificial em salões Hyake foi apenas um dos muitoa modismos que a cantora, responsável também pela volta do salto plataforma, despertou nos jovens japoneses dos anos 90.Imitada nos mínimos detalhes, ela inspirou o que a mídia nipônica chama de Amuraas, os clones de Namie Amuro. Veterana com apenas 23 anos, Namie Amuro agora se prepara para ir onde nenhum artista do jpop (pop japônes) jamais esteve: nas paradas de sucesso do mundo ocidental. Para tanto, conta com um forte aliado nos EUA: o produtor Dallas Austin, responsável por hits de TLC, Madonna, Boys II Men e Michael Jacson. A parceria firmouse no ano passado, quando o produtor assinou algumas faixas do CD Genius 2000, preparando terreno para o CD Breack the Rules, recém-lançado no Japão, que completou a trasformação da ex-sensação adolescente numa diva do soul oriental. Veneração- Ela atingiu outro patamar, o norte-americano conta por e-mail. "Namie tem uma grande voz e uma rara empatia com o público, tendo amadurecido nos palcos e ganho a veneração da crítica" Dallas Austin acredita que a cantora traz em sua mistura de jpop,R&R, cabelos cor de mel e olhar oriental algo capaz de lhe render um nicho maior no mercado da música. É o que também acha seu produtor de longa data, Komuro Tetsuya, o Midas do pop adolescente industrializado em série no Japão e pai da "TK family",como a mídia japonesa refere-se a seus protegidos de pouco idade-além de ser o novo sócio da empresa de videogames SEGA. Foi por suas mão que a pequena de Okinawa lançou-se ao sucesso com 17 anos. Mas ela já tinha fãs muito antes disso.Aos 14, liderava uma banda de meninas da mesma sala de aula, o Super Monkey, que rendeu diversos discos no Japão. Em seus dias de inocência, Namie cantava musiquinhas feitas para pular, com forte apelo dançante.Ela agora está séria, entoando faixas lentas. Muita coisa aconteceu em sua vida desde que seu nome começou a surgir nas capas de revistas musicais. Namie Amuro não é conhecida como "Rainha do Drama" do jpop à toa. Seu novo single chama-se No More Tears (chega de láguimas) e tem um remix dançante assinado pelo top DJ Junior Vasquez. Nos últimos anos, Namie ficou associada a olhos mareados. Ela tenta mudar esta imagem."Nunca chorei premeditadamente", a cantora protesta, por e-mail. após uma intrigada conexão EUA-Japão para obter contato. Namie anda reclusa. Ela quase saiu de cena aos 19 anos. Aposentada ao atingir a maioridade. Coisas de JPOP. Barreira de Linguagem - Ela não diz muito."As pessoas interpretam o que querem nas minhas músicas, eu prefiro não explicar as letras", escreve pela Internet. Talvez não tenha muito, mesmo, o que dizer. Não é o que se cobra de Sandy no Brasil? Ou talvez seja a famosa barreira da linguagem.Dallas Austin comenta, ao menos, a diferença cultural. "Crazy shit", diz, sobre a interação com a cantora e seu mentor, Tetsuya Komuro. Entretanto, sua história é larger-than-life, superando com folga o roteiro Sandy de princesa encantada. Imagine o que aconteceu na cabeça de uma menina com a qual todas as meninas se identificam, de repente, descobrir-se grávida.O desfecho foi um casamento relâmpago. E, ao vir a público, o símbolo do Japão jovem sofreu um grave abalo. O timing é atordoante. Namie tinha o País inteiro sob seus pés. Desde sua estéia solo, em 1995, vendera 15,8 milhões de singles e 12,5 milhões de álbuns. Em 1996, ela se tornou a artista mais jovem a receber o prêmio da indústria fonográfica como melhor do Japão.Em 1997, levou outro troféu para casa: melhor música do ano. A canção Can You Celebrate? tinha vendido 1,5 milhão de cópias em apenas cinco dias. Foi quando ela desistiu de tudo. O nascimento do menino Haruto e seu matrimônio precoce dera origem a outra tendência japonesa: o casamento de adolescentes.Foi uma bomba na mídia. A reação conservadora pode ser uma explicação para o desaparecimento, por cerca de um ano, do rosto mais fotografado do Japão. "Ela estava acabada" explicou um assessor de imprenda da "TK family", que prefere permaneser anônimo. Em dezembro de 1998, Namie ensaiou um retorno, como convidada, num especial da rede de TV japonesa NHK. No fim da apresentação, desatou em láguimas."Estava insegura, após tudo o que aconteceu, e os aplausos retumbantes, ao final da música, me surpreenderam", ela explica. "Fiquei pensando por que que eram tão fortes e não me contive, embora tenha tentado segurar as láguimas." O público identificou-se com o choro e o programa deu de pico de audiência. Nmaie Amuro estavapronta para gravar de novo. Seu single seguinte liderou a parada nipônica de sucessos. E ela foi escolhida para cantar o tema original do filme Pokémon. Periodo difícil-Então veio a tragédia. Em março de 1999, sua mãe, Emiko Taira, foi assassinada pelo cunhado. Namie usa as palavras "tristes" e "difícil" para comentar o que não há como comentar.Novamente, ela saiu de cena.Chegou a ficar três anos sem fazer turnês.Ao anunciar o retorno aos palcos, no ano passado, 150 mil ingressos foram vendidos em uma hora. Isto a ajudou a manter-se otimista."Agora, que tenho um filho, tenho que evitar a tristeza, porque isso pode afetá-lo." A notória disciplina oriental foi algo que a cantora aprendeu a cultivar desde cedo. Numa entrevista feita quando tinha 18 anos, Namie confessou preocupadar-se com cada olhar, roupa e acessório, porque sabia que seria imitada após uma aparição pública por milhões de adolecsentes."Às vezes me pergunto por que querem tanto parecer comigo", ela comenta."Preferia ser parecida apenas como cantora, mas acho que a dança, o cabelo, as roupas e a maquiagem fazem parte da carreira de uma cantora como eu e, então, fico feliz que queiram me imitar." Ela não reluta em aceitar o papel de modelo positivo para a juventude. Seu marido Maruyama Masaharu, que faz parte do grupo musical TRF, e seu filho Haruto participaram de uma campanha do governo em prol da paternidade responsável, um problema no Japão depois da gravidez de Amuro.Atendendo a outro convite do governo, no ano passado ela cantou o tema da cúpula do Grupo G8, diante dos principais líderes do mundo globalizado. Na entrevista coletica realizada na ocasião, Nmaie disse ter considerado Bill Clinton o líder mundial mais charmoso. "Foi uma oportunidade rara e eu fiquei nervosa, mas consegui cantar com o meu coração",agora diz, despretenciosa. oportunidades- Namie Amuro não é o tipo de cantora que deixa passar oportunidades. Além de incluir o tema da cúpula, seu novo CD traz pelo menos outras duas canções com fortes conexões comerciais - música presente em campanhas publicitárias de marcas de chocolate e cosméticos.Co-produzido por Austin Dallas e Tetsuya Komuro, Break the Rules, o quinto CD de Namie Amuro, já nacseu bem-sucedido no Japão. Vai repetir o desempenho dn exterior? "Mais do que uma tentativa de atingir outros mercados, trabalha com o produtor norte-americano renomado me ajudou a descobrir as diferenças entre o R&R dos EUA eo feito no Japão",ela explica."Costumam dizer que artistas japoneses não têm um estilo prõprio, apenas imitam o pop ocidental, mas eu acho que a cena hip-hop e o soul feito no Japão começa a mudar isso",acredita."O jpopestá amadurecendo e pode vir a se firmar no mercado internacional antes do que as gravadoras japonesas esperam" 27 de fevereiro de 2001 - Jornal O Estado de São Paulo